Além da Balança: 5 Verdades Surpreendentes que os Estudos Revelam Sobre as Canetas Emagrecedoras
A popularidade de medicamentos como Ozempic, Mounjaro e Saxenda explodiu, posicionando as "canetas emagrecedoras" como a solução que muitos esperavam para a perda de peso. Impulsionadas por relatos em redes sociais e resultados visíveis, elas se tornaram um fenômeno global.
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MEDY
9/28/20255 min read
Contudo, para além da promessa de resultados rápidos, os estudos científicos e os dados clínicos revelam uma realidade muito mais complexa, com fatos surpreendentes e, por vezes, contra-intuitivos. Este artigo mergulha na ciência para revelar cinco das verdades mais impactantes que os estudos nos mostram sobre esses medicamentos.
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1. O tratamento é crônico, e o "efeito sanfona" pode ser pior do que não emagrecer
A maior surpresa sobre as canetas emagrecedoras não é que elas funcionam, mas o que acontece quando o paciente para de usá-las. A obesidade é uma doença crônica e, como tal, exige tratamento contínuo. A interrupção do uso desses medicamentos geralmente leva à recuperação do peso perdido, um fenômeno clinicamente documentado.
O ensaio clínico STEP 4, que avaliou a semaglutida, é categórico: os participantes que, após 20 semanas de tratamento, mudaram do medicamento para um placebo recuperaram, em média, 6,9% do peso corporal nas 48 semanas seguintes. Em contraste, aqueles que continuaram com a medicação mantiveram a perda de peso. Esse ciclo de perda e ganho de peso, conhecido como "efeito sanfona", pode ser prejudicial à saúde. Como alerta a endocrinologista Deborah Beranger, a gravidade desse ciclo não pode ser subestimada:
"Para o corpo, é muito pior você ficar reganhando do que você não perder peso".
A lição fundamental é que esses medicamentos não são uma "cura" de curto prazo. Eles funcionam como ferramentas de manejo para uma condição crônica, de forma análoga aos remédios para hipertensão, que controlam a pressão arterial enquanto são utilizados.
2. Os efeitos colaterais vão muito além do enjoo
Embora os efeitos colaterais gastrointestinais como náuseas, vômitos, diarreia e constipação sejam os mais conhecidos e comuns, a ciência aponta para riscos mais sérios e menos discutidos, que exigem atenção e acompanhamento médico rigoroso.
Estudos de revisão e ensaios clínicos associam o uso desses medicamentos a um risco aumentado de condições graves, incluindo:
• Doenças da vesícula biliar: Como colelitíase (pedras na vesícula) e colecistite (inflamação da vesícula).
• Pancreatite: Uma inflamação do pâncreas que, embora os estudos para liraglutida a descrevam como geralmente leve, é uma condição potencialmente grave.
• Obstrução intestinal: Estudos de coorte e farmacovigilância apontam para um risco aumentado de bloqueio intestinal.
• Gastroparesia: Um significativo retardamento do esvaziamento do estômago. Essa condição é tão relevante que a American Society of Anesthesiologists (ASA) publicou uma recomendação para que os pacientes suspendam o uso de agonistas de GLP-1 antes de cirurgias eletivas. O objetivo é evitar o risco de aspiração de conteúdo gástrico para os pulmões durante a anestesia.
Esses riscos reforçam que o uso dessas medicações deve ser sempre feito sob estrita supervisão médica, permitindo o monitoramento e a mitigação de possíveis complicações.
3. A perda de peso não é garantida nem milagrosa para todos
Enquanto as redes sociais exibem transformações radicais como regra, os dados clínicos pintam um quadro muito mais modesto e variável, desmentindo o mito da eficácia universal. Embora eficazes para muitos, a ideia de uma solução infalível é um mito.
Um grande ensaio clínico com a liraglutida (princípio ativo do Saxenda) ilustra bem essa realidade. Após um ano de tratamento, os resultados para a meta de redução de pelo menos 10% do peso corporal foram:
• Apenas cerca de 1/3 dos pacientes atingiu a meta.
• Após três anos de tratamento contínuo, apenas 1/4 dos pacientes manteve esse resultado.
A perda de peso média, embora estatisticamente significativa em comparação ao placebo (cerca de -4,55 kg com doses maiores de liraglutida), pode não corresponder às transformações radicais que muitas pessoas esperam. Os resultados são individuais e dependem de múltiplos fatores, desmistificando a percepção de uma pílula mágica.
4. Elas funcionam "hackeando" hormônios do intestino (e algumas são mais potentes que outras)
O mecanismo de ação desses medicamentos é um elegante exemplo de engenharia farmacêutica baseada na fisiologia humana. Eles atuam imitando as incretinas, hormônios produzidos pelo intestino em resposta à ingestão de alimentos.
Os principais hormônios incretínicos são o GLP-1 e o GIP. Eles regulam o metabolismo da glicose, retardam o esvaziamento do estômago e atuam no cérebro para aumentar a sensação de saciedade e reduzir o apetite.
• Agonistas de GLP-1: Medicamentos como Ozempic (semaglutida) e Saxenda (liraglutida) são "agonistas do receptor de GLP-1". Eles se ligam e ativam os mesmos receptores que o hormônio GLP-1 natural do corpo, simulando seus efeitos.
• Agonistas Duplos: Medicamentos mais recentes, como o Mounjaro (tirzepatida), representam uma evolução. A tirzepatida é um "agonista duplo", atuando tanto nos receptores de GLP-1 quanto nos de GIP.
Estudos comparativos demonstraram que essa ação dupla confere uma potência maior. A tirzepatida mostrou levar a uma perda de peso superior à da semaglutida, justamente por "hackear" duas vias hormonais simultaneamente, aproveitando o potente efeito do GIP na secreção de insulina junto à ação do GLP-1 na saciedade, o que resulta em um controle glicêmico e uma redução do apetite mais robustos.
5. O "Ozempic brasileiro" chegou, mas as regras do jogo mudaram
Recentemente, o cenário brasileiro para o tratamento da obesidade mudou com o lançamento pela farmacêutica EMS dos primeiros medicamentos dessa classe fabricados no Brasil: o Olire e o Lirux.
Apesar do apelido popular "Ozempic brasileiro", é crucial esclarecer a confusão: eles não contêm semaglutida. O princípio ativo é a liraglutida, o mesmo consagrado pelo Saxenda. Tecnicamente, eles não se enquadram como "genéricos", mas sim na classe dos "medicamentos similares", popularmente conhecidos como "genéricos com marca". A produção de uma versão nacional da semaglutida só é esperada para o segundo semestre de 2026, quando sua patente expirar no país.
Em resposta direta à crescente popularização e aos riscos do uso off-label (para fins não aprovados em bula), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) instituiu uma medida regulatória mais firme. Para coibir o uso indiscriminado, a agência determinou a obrigatoriedade da retenção da receita médica na farmácia para a compra desses medicamentos. A regra, similar à que já existe para antibióticos, visa garantir que o tratamento seja iniciado e acompanhado por um médico, protegendo a saúde da população de riscos desnecessários.
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Conclusão: Ferramentas Potentes, Não Varinhas de Condão
As canetas emagrecedoras representam uma revolução terapêutica no tratamento da obesidade e do diabetes, oferecendo uma ferramenta valiosa para milhões de pacientes. No entanto, a ciência é clara ao mostrar que elas não são soluções mágicas isentas de complexidades.
Seu sucesso e segurança dependem fundamentalmente de uma abordagem completa, que inclui acompanhamento médico rigoroso, mudanças sustentáveis no estilo de vida e uma compreensão realista de seus efeitos, limitações e riscos.
Diante de avanços tão poderosos, talvez a pergunta mais importante não seja como perder peso rápido, mas sim como construir uma saúde que se sustente por toda a vida. Você está preparado para essa jornada?
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Um abraço e até logo.

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